sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Sonhos

Hoje dormi muito. Dormi e sonhei muito. Um sonho comprido, que continuava apesar de ir acordando pelo meio. Acordava e voltava a dormir; voltava a dormir e voltava a sonhar.
Com o Daniel. Foi com ele que sonhei. Um sonho tão real que quando acordei ainda podia sentir o sabor dos seus lábios e o toque suave das suas mãos pelo meu corpo. Acordei com o coração apertadinho de saudades. Credo, que tempos loucos, aqueles! [E como foi bom!]

Depois de sete agonizantes meses em depressão sem tratamento, o Daniel foi a melhor terapia que poderia ter tido. Ele fez com que eu voltasse a olhar para o lado cor-de-rosa da vida que, na realidade, não via com olhos de ver desde a adolescência.
Temos gostos muito parecidos, o que ajudou à festa: levou-me várias vezes a dançar ritmos calientes, fomos ao cinema, fizémos noitadas com amigos a jogar e a beber copos, jogámos matrecos, andámos às compras, fomos à feira popular, fomos à viagem de finalistas e àquele congresso em Madrid, fez-me rir, fez-me rir tantas vezes...!!
E depois era aquela coisa toda do fruto proibido, o que despertou [E de que maneira!] o meu desejo sexual adormecido há séculos. Qualquer segundo em que estivéssemos sozinhos era aproveitado para nos beijarmos com sofreguidão, nos apalparmos, nos roçarmos, nos abraçarmos, com uma paixão louca e muitas vezes incontrolável. O Daniel fazia-me sentir como uma espécie de deusa sexual: sexy, confiante, selvagem, desejada, poderosa. [Claro que os anti-depressivos que comecei a tomar na altura e a falta de apetite durante meses que me deixou com um corpo fabuloso contribuiram imenso para esse meu sensual e feliz estado de espírito!]
Alimentávamos o nosso desejo durante todo o dia, provocávamo-nos, com olhares comprometedores, com toques muitas vezes pouco subtis, com picardias verbais constantes, com carícias trocadas rapidamente sem que ninguém visse. À noite, todas as noites, consumávamos a nossa paixão, com a loucura muito própria dos apaixonados. [E não de apaixonados "normais", mas de apaixonados sem possibilidade de ter um crompomisso sério. Por um lado isto era assustador, mas por outro permitiu-nos uma liberdade - especialmente a nível sexual - que não poderíamos ter numa relação duradoura. Um destes dias faço um post sobre os deliciosos pecados que cometemos juntos. Talvez ganhe coragem para contar as loucuras todas, talvez... um dia destes...!]
Com o Daniel não havia monotonia, nem por um segundo. E, com ele, eu podia ser eu, o que é verdadeiramente precioso. Lembro-me tantas vezes da Valéria me dizer, com um ar muito sério, que nunca me tinha visto tão feliz. E é verdade. Foram os meses mais felizes de todos os anos que passei na faculdade. Os mais loucos também.

Da última vez que o Daniel me telefonou, antes do Natal, contei-lhe que o Filipe estava a trabalhar na Suécia, e que eu própria estava a pensar emigrar:
- Para a Madeira?
- 'Tás tonto?
- Não... tenho uma lista de espera de quatro meses, estava mesmo a pensar pôr cá outro médico a trabalhar, vens para cá tu! Era mesmo isso que eu gostava, ter uma mulher com a minha profissão, trabalhávamos juntos e trancávamo-nos no consultório para uns intervalinhos picantes!
- Não te ponhas com essas conversas, Daniel, agora somos só amigos...
- Eu fui muito burro de não ter tomado uma decisão naquela altura, uma decisão que exigia uns grandes tomates, que não tive. Se pudesse andar para trás fazia tudo diferente. Tive em consideração o meu namoro de longa data, não tive coragem de a deixar, e agora estou como estou! [Está em processo de divórcio.] Se o arrependimento matasse...!

A conversa dele mexeu comigo, muito mais do que eu queria. Andei não-sei-quantos dias a pensar se estaria realmente a ir pelo caminho certo, e como teria sido se tivesse feito uma escolha diferente. Questionei vezes sem conta se o meu casamento com o Filipe valeria mesmo a pena, se não seria melhor ter uma relação mais fácil, mais simples. Se não seria mais feliz.
Mas não tenho uma resposta... Sim, eu fiz uma escolha naquela altura, é verdade, foi uma opção minha e só minha, e eu decidi que amava o Filipe e que ia ficar com ele, mesmo, para casar.
Tomei essa decisão e segui em frente sem me permitir olhar para trás. Era a coisa certa a fazer, a que magoaria menos gente. Era a única coisa a fazer... o Daniel ia para a Madeira no fim do curso e não ia largar a namorada, por isso não foi propriamente uma escolha entre um e outro, foi mais entre ficar com o Filipe ou sozinha, e como eu nunca soube estar só nem sequer considerei essa hipótese. Só decidi ficar com o Filipe depois do Daniel se ter ido embora...

A Valéria diz que se o Daniel não tivesse voltado para a Madeira ainda hoje estaríamos juntos. Eu rio-me e respondo-lhe que está enganada, que teria escolhido o Filipe de qualquer maneira, mas não sei se falo para ela ou para mim própria... e mudo rapidamente de conversa para não ter que pensar mais sobre o assunto.
Mas hoje sonhei com ele e estive todo o dia a pensar. Se fiz bem, se fiz mal, se ainda posso fazer alguma coisa... Se tivesse tido uma verdadeira hipótese com o Daniel teria-a aproveitado, ou será que acabaria por escolher o Filipe? Com o qual seria mais feliz?
Infelizmente, nunca terei respostas para estas perguntas... Mas também não interessa, escolhi há muito tempo qual o caminho a seguir, agora não adianta de nada olhar para trás. Ou adianta?

Posso arrepender-me... ou não posso?
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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Porquê este?

O que me leva a escolher um homem para ficar (em detrimento de todos os outros) são, por absurdo que possa parecer, os seus defeitos.
Por exemplo, o Daniel deu um grande abanão na minha vida pelas suas excelentes qualidades. É uma pessoa de trato fácil, sempre bem-disposto, amigo, companheiro, mimoso, sexo excelente, objectivos e ideais fáceis de querer acompanhar, etc, etc, etc...!! Ainda por cima, tem a capacidade de me fazer rir mesmo que esteja triste ou chateada com qualquer coisa (qualidade que o Filipe, infelizmente, não possui).
Mas [E estas coisas têm sempre um mas, é uma chatice!], o Daniel manteve a namorada dele durante todos os meses em que esteve comigo, o que, a meu ver, demonstra uma falta de carácter muitíssimo grave. Claro que ambos tínhamos consciência de que aquele affair não podia passar disso mesmo, tinha fim anunciado e marcado no calendário, o que não me impediu de acabar com o Filipe... no meio de tantos erros de toda esta história, era a coisa certa a fazer. E também nunca conseguiria ter uma relação com dois homens ao mesmo tempo, não tenho feitio para isso [Mesmo que o quisesse!]. Sou totalmente a favor da monogamia [Mas só contei ao Daniel anos depois daqueles três meses...!].
Ora, o meu Filipe [Que, ainda por cima, é um péssimo mentiroso!] nunca conseguiria enganar a sua mulher durante tanto tempo [Nem, tal como eu, mesmo que o quisesse!]. Mesmo em adolescente, quando todos os rapazes se congratulam por serem grandes garanhões e adoram contabilizar rabos-de-saia, ele nunca foi de andar com esta e com aquela, e muito menos de se gabar das suas intimidades. Já o Daniel, no que toca a este assunto é exactamente o oposto, orgulhando-se de todas as conquistas, as que fez e as que diz que fez! Mais uma vez, a falta de carácter... imperdoável.

Depois de muitos encontros e desencontros voltei para os braços do Filipe, cujos defeitos sempre pensei poder tolerar [Embora que, às vezes, com muito custo!], ou pelo menos esperei que ele os pudesse melhorar com o tempo. Mas [Lá está o mas outra vez!] subestimei o seu pior defeito e, ultimamente, tem-me faltado a paciência necessária para o aturar [Que tem de ser enorme, e sabe Deus que até já fui paciente demais!]. Acontece que isto é uma tragédia, porque o coitado não tem qualquer possibilidade de mudar tão terrível imperfeição [E é coitado, porque se é complicado para mim lidar com esse seu defeito, não consigo sequer imaginar a dificuldade que ele deve ter para se aturar a si próprio!]:

- O meu marido é Gémeos.
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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Correspondências

Enquanto se escrevem cartas para a lua esperando por dias de sol, há quem escreva para Paris esperando que alguma cegonha transporte uma encomenda.

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