Surpresa

Hoje de manhã, estava ainda na cama, tocaram à campaínha. Pensei que fosse o carteiro e deixei-me estar, mas insistiram, uma e outra vez. Lá me levantei, espreitei pelo intercomunicador e vi uma senhora desconhecida que me disse que tinha uma entrega para a Dra. Estrela.
Fiquei surpresa e acima de tudo curiosa, não estava à espera de nada, mas quando vi a senhora a sair do elevador fiquei completamente estupefacta: ela carregava um grande ramo de rosas vermelhas, lindo!
A primeira coisa que me veio à cabeça foi que a senhora se tinha enganado e o ramo não era para mim. [Quem é que me iria enviar flores?! Não estava mesmo a ver!]

- Tem a certeza que é para mim?
- É a Dra. Estrela?
- Sou...
- Então é mesmo para si. Tem um cartãozinho que explica tudo.

Apressei-me a fechar a porta para poder ler o cartão em privado. Abri o envelope minúsculo com as mãos trémulas: [Afinal era a primeira vez que me enviavam flores!]

Fiquei extasiada!! :) Como mudou o meu marido, está tão querido! Quer dizer, eu não faço anos nem é nenhuma data especial, esta surpresa foi só porque eu ontem estava triste! E enviou-a de tão longe, é tão lindo...! [O que a saudade faz às pessoas!]
Escusado será dizer que passei o dia todo com um sorriso do mais enorme que há, na boca e na alma. Foi o remédio perfeito para a enxurrada de lágrimas de ontem. Já passou...

Obrigada, meu amor.

Por fim, aliviada

Hoje tive um dia particularmente difícil no consultório, com atrasos dos pacientes e tratamentos complicados e demorados, estava a ver que nunca mais chegava ao fim das consultas!

Soube-me bem o Filipe ligar um minuto antes de eu sair, senti-me um bocadinho melhor ao ouvir a sua voz. Mas deu-me muita saudade, o coração a ficar cada vez mais apertado, formou-se um nó na gargante e comecei a chorar (a meio de uma conversa absolutamente normal), primeiro devagar, depois as lágrimas rolaram pela cara abaixo completamente descontroladas, e eu não consegui parar, simplesmente não consegui.

Estou tão cansada...! Cansada de estar só, cansada desta vida de casa-trabalho, trabalho-casa sem fazer mais nada, todos os dias iguais uns aos outros...

Chorei durante todo o caminho para casa e ainda mais um bocado quando cá cheguei. Falei outra vez com o Filipe, que foi muito fofinho, teve uma grande dose de paciência e esteve o tempo todo a tentar animar-me e a dar-me força.

Agora estou mais calma, acho que precisava mesmo era de desabafar, deitar o sufoco todo cá para fora. Então fartei-me de chorar, e fez-me muitíssimo bem.